sábado, 24 de agosto de 2013

A SEMANA DE ARTE MODERNA



Semana de Arte Moderna de 1922

Hoje vamos passear por São Paulo no ano de 1922, na Semana de Arte Moderna!

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Di Cavalcanti, Catálogo da exposição

Viva a independência artística do Brasil!

O ano de 1922 não era um ano qualquer, o país comemorava o primeiro centenário da Independência e os jovens modernistas desejavam redescobrir o Brasil, libertando-o dos padrões estrangeiros. 

A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, na verdade aconteceu durante apenas três dias, 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal em São Paulo. Cada dia da semana foi dedicado a um tema: respectivamente, pintura e escultura, poesia e literatura, e música.

Di Cavalcanti "Cinco Moças de Guaratinguetá"

Foi uma época era cheia de turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais. As novas vanguardas estéticas e uma linguagem sem regras, espantavam o mundo.

ATENÇÃO! vanguarda vem do francês "avant-gard" que quer dizer, aquilo que está à frente.

A Semana de Arte Moderna não foi totalmente bem-vinda na época, foi alvo de críticas e repúdio.

 
Tarsila do Amaral "Operários"

Historicamente falando, o capitalismo crescia no Brasil, era tempo das oligarquias cafeeiras, a Republica Velha dos grandes senhores de café, e a política do café-com-leite mandava no pedaço com sua mentalidade tradicional, formando a República e a elite paulista, que era influenciada pelos padrões estéticos europeus.

Anita Malfatti "Tropical"

A Semana de Arte Moderna renovou a linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criativa e na quebra com o passado. A arte passou da vanguarda, para o moderno.

O evento marcou transformações nos meios artísticos: a poesia que antes era só escrita, foi apresentada através da declamação; a música por meio de concertos, antes eram cantores sem acompanhamento de orquestras; e a arte exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura, com desenhos arrojados e modernos.

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Vicente do Rego "Vendedor de Frutas"

QUEM ERA QUEM

Tarsila do Amaral: Seu pai herdou uma fortuna e diversas fazendas do interior de São Paulo, onde Tarsila e seus sete irmãos cresceram. Desde criança foi educada nos costumes da época, aprendeu a ler, escrever, bordar e falar francês. Sua mãe passava horas ao piano e contando histórias dos romances, e seu pai recitava versos em francês, retirados de sua biblioteca. Gente fina!

Tarsila estudou em Barcelona onde começou a se interessar por arte. Junto a Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia formava o Grupo dos Cinco, que se reunia para discutir arte e que idealizou e organizou a Semana de Arte Moderna. Tarsila foi casada duas vezes, seu segundo casamento foi com Oswald de Andrade, com quem rompeu após saber de sua amante, a escritora Pagu. A exuberância da fauna e da flora brasileira, as máquinas, trilhos, símbolos da modernidade urbana eram sua principal inspiração.

 
"Auto-retrato"

"Abaporu" A obra mais conhecida de Tarsila foi vendida em um leilão para o argentino Eduardo Constantini por 1,5 milhões de dólores.
É considerada a pintura mais cara feita por um artista brasileiro

Di Cavalcante: Quando seu pai morreu em 1914, o jovem Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo obriga-se a trabalhar fazendo ilustrações para a revista"Fon-Fon". Foi estudar em São Paulo, ingressando na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Seguiu fazendo ilustrações até ser reconhecido por grandes nomes da pintura e começar a expor em outros países. Ficou famoso por suas mulatas, e pelo ar descontraído e alegre de seus quadros. Foi o pintor das rodas de samba, das gafieiras das mulatas e do carnaval.


Capa da revista Fon-Fon "Colombina"


 
"Murais"

Anita Malfatti: Segunda filha do casal Samuel Malfatti e de Betty Krug, Anita nasceu com atrofia no braço e na mão direita, foi à Itália na esperança de tratar o defeito, mas nada adiantou, Anita carregou a deficiência por toda a vida. Aos 13 anos, sem saber que rumo dar a vida decidiu se matar, deitou nos trilhos de trem e esperou pela desgraça. Durante a espera aterrorizante Anita teve um delírio "E eu via cores, cores e cores riscando o espaço, cores que eu desejaria fixar para sempre na retina assombrada. Foi a revelação: voltei decidida a me dedicar à pintura." e assim fez.

 
"O Japonês"

"A Boba"

Victor Brecheret: Ainda jovem, o italo-brasileiro Vitorio Brecheret frequentou as aulas de entalhe em gesso e mármore do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, onde mais tarde viria a utilizar o ateliê e seus aprendizes para moldar suas obras. Considerado um dos mais importantes escultores do país, Brecheret é responsável pela introdução do modernismo na escultura brasileira.

Ficheiro:Monumento às Bandeiras 01.jpg
"Monumento às Bandeiras"

Ficheiro:Victor Brecheret - Graça 01.JPG
"Graça"

CURIOSIDADES!

Vamos brincar de máquina do tempo.
Fechem os olhos e transportem-se... .  .   .    .

Os homens estão usando terno, gravata e chapéu, as mulheres muito elegantes de vestido solto e cabelos curtos, é noite de outono em São Paulo, vocês estão entrando no saguão do Teatro Municipal, há uma grande concentração de pessoas ali, são intelectuais, pintores, escritores, músicos, vocês estão visitando a Semana de Arte Moderna...


Da esquerda para a direita: Brecheret, Di Cavalcanti, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Helios Seelinger



Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade.


AGENDA 1922:
13 de fevereiro (Segunda-feira) 
Casa cheia, abertura oficial do evento. Espalhadas pelo saguão do Teatro Municipal de São Paulo, várias pinturas e esculturas provocam reações de espanto e repúdio por parte do público. O espetáculo tem início com a confusa conferência de Graça Aranha, intitulada "A emoção estética da Arte Moderna". Tudo correu em certa calma.
Victor Brecheret "A luta dos índios Kalapalos"

Tarsila do Amaral "Antropofagia"

15 de fevereiro (Quarta-feira)
Guiomar Novais era para ser a grande atração da noite. Contra a vontade dos demais artistas modernistas, aproveitou um intervalo do espetáculo para tocar alguns clássicos consagrados, iniciativa aplaudida pelo público. Mas a "atração" dessa noite foi a palestra de Menotti del Picchia sobre a arte estética. Menotti apresenta os novos escritores dos novos tempos e surgem vaias e barulhos diversos (miados, latidos, grunhidos, relinchos…) que se alternam e confundem com aplausos. Quando Ronald de Carvalho lê o poema intitulado "Os Sapos" de Manuel Bandeira, (poema criticando abertamente o parnasianismo e seus adeptos) o público faz coro atrapalhando a leitura do texto. A noite acaba em confusão. Ronald teve de declamar o poema pois Bandeira estava impedido de fazê-lo por causa de uma crise de tuberculose.

Os Sapos - Manuel Bandeira
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...


17 de fevereiro (Sexta-feira)
O dia mais tranquilo da semana, apresentações musicais de Villa-Lobos, com participação de vários músicos. O público em número reduzido, portava-se com mais respeito, até que Villa-Lobos entra de casaca, mas com um pé calçado com sapato, e outro com chinelo; o público interpreta a atitude como futurista e desrespeitosa e vaia o artista impiedosamente. Mais tarde, o maestro explicaria que não se tratava de modismo e, sim, de um calo inflamado...

Ficheiro:Arte-moderna-8.jpg

Heitor Villa-Lobos


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No próximo post de História da Arte vamos conhecer a Arte Pós-Moderna!

 
 
    Obra de Di Cavalcanti, idealizador da Semana de Arte Moderna de 1922
Há 90 anos, no mês de fevereiro, ocorria a Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo. Durante  três dias, apresentações artísticas e musicais revelaram uma fase efervescente na cultura do país.
Celebrando a data, o Sesc Vila Mariana promove nos dias 14 e 17, às 18h,  a programação “Fragmentos Visuais: Olhares sobre a Semana de 1922”. Com a  orientação de instrutores, a unidade convida os

A SEMANA DE ARTE MODERNA - 1922



A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro, teve como principal propósito renovar, transformar o contexto artístico e cultural urbano, tanto na literatura, quanto nas artes plásticas, na arquitetura e na música. Mudar, subverter uma produção artística, criar uma arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas tendências européias, essa era basicamente a intenção dos modernistas.
Durante uma semana a cidade entrou em plena ebulição cultural, sob a inspiração de novas linguagens, de experiências artísticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o conseqüente rompimento com o passado. Novos conceitos foram difundidos e despontaram talentos como os de Mário e Oswald de Andrade na literatura, Víctor Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pintura.
O movimento modernista eclodiu em um contexto repleto de agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a este redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e linguagens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como toda inovação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica não poupou esforços para destruir suas idéias, em plena vigência da República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da política conservadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite, habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua sensibilidade e afrontada em suas preferências artísticas.
A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessidade de transformar os antigos conceitos do século XIX. Embora o principal centro de insatisfação estética seja, nesta época, a literatura, particularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros. Anita Malfatti trazia da Europa, em sua bagagem, experiências vanguardistas que marcaram intensamente o trabalho desta jovem, que em 1917 realizou a que ficou conhecida como a primeira exposição do Modernismo brasileiro. Este evento foi alvo de escândalo e de críticas ferozes de Monteiro Lobato, provocando assim o nascimento da Semana de Arte Moderna.
O catálogo da Semana apresenta nomes como os de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros, na Pintura e no Desenho; Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura; Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura. Entre os escritores encontravam-se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A música estava representada por autores consagrados, como Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.
Em 1913, sementes do Modernismo já estavam sendo cultivadas. O pintor Lasar Segall, vindo recentemente da Alemanha, realizara exposições em São Paulo e em Campinas, recepcionadas com uma certa indiferença. Segall retornou então à Alemanha e só voltou ao Brasil dez anos depois, em um momento bem mais propício. A mostra de Anita Malfatti, que desencadeou a Semana, apesar da violenta crítica recebida, reunir ao seu redor artistas dispostos a empreender uma luta pela renovação artística brasileira. A exposição de artes plásticas da Semana de Arte Moderna foi organizada por Di Cavalcanti e Rubens Borba de Morais e contou também com a colaboração de Ronald de Carvalho, do Rio de Janeiro. Após a realização da Semana, alguns dos artistas mais importantes retornaram para a Europa, enfraquecendo o movimento, mas produtores artísticos como Tarsila do Amaral, grande pintora modernista, faziam o caminho inverso, enriquecendo as artes plásticas brasileiras.
A Semana não foi tão importante no seu contexto temporal, mas o tempo a presenteou com um valor histórico e cultural talvez inimaginável naquela época. Não havia entre seus participantes uma coletânea de idéias comum a todos, por isso ela se dividiu em diversas tendências diferentes, todas pleiteando a mesma herança, entre elas o Movimento Pau-Brasil, o Movimento Verde-Amarelo e Grupo da Anta, e o Movimento Antropofágico. Os principais meios de divulgação destes novos ideais eram a Revista Klaxon e a Revista de Antropofagia.
O principal legado da Semana de Arte Moderna foi libertar a arte brasileira da reprodução nada criativa de padrões europeus, e dar início à construção de uma cultura essencialmente nacional.


Semana de Arte Moderna – Um dos principais eventos da história da arte no Brasil
Semana de Arte Moderna – Um dos principais eventos da história da arte no Brasil
Falar sobre os artistas da Arte ModernaSemana de Arte Moderna, ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. significa falar sobre o maior evento que marcou a história da arte brasileira. Tal evento, conhecido como a
Partindo dessa data (1922), começamos a compreender os reais propósitos firmados mediante o histórico acontecimento. Afinal, por que 1922? Essa é a data em que o Brasil comemorou seu primeiro centenário da Independência, embora essa independência em nada tenha transformado os planos político, econômico ou cultural. Dessa forma, desde o período que antecedeu a Semana de 1922, conhecido como Pré-Modernismo, houve uma reação por parte da classe artística em revelar um Brasil visto sob o plano real, longe do idealismo pregado pela era romântica. Um Brasil dos marginalizados, indo desde o sertão nordestino até os subúrbios cariocas. Não por acaso, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, entre outros, souberam expressar sua insatisfação mediante as mazelas que corrompiam a sociedade daquela época – de um lado o progresso industrial oriundo da expansão do capitalismo, de outro a massa dos excluídos, formada pela classe operária que, cada vez mais organizada, realizava intensas greves. 
Nesse clima de euforia, imbuídos no propósito de operar mudanças, sobretudo influenciados pelos movimentos vanguardistas, é que os artistas expressaram seus posicionamentos ideológicos por meio de suas criações, seja na pintura, música, escultura, literatura, entre outras formas de arte. Nesse sentido, vejamos os dados biográficos inerentes a alguns deles, a começar por:
Di Cavalcanti
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Rosalia de Sena,
nasceu em 1897, no Rio de Janeiro, e faleceu em 1976 naquela mesma cidade. Seu talento artístico começara em 1908, em São Cristóvão, bairro de classe média para o qual a família se mudara.
Anos mais tarde, em 1914, iniciou sua carreira de caricaturista. Em 1916, matriculou-se na escola Livre de Direito, mudando-se para São Paulo e levando consigo uma carta de Olavo Bilac para o jornalista Nestor Rangel Pestana, crítico de arte do Estadão. Com isso, empregou-se como arquivista no jornal O Estado de São Paulo.
Di Cavalcanti foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna, participando da criação dos catálogos e dos programas, além de ter exposto doze pinturas. Entre sua vasta obra, podemos citar:
Viagem da Minha Vida – O Testamento da Alvorada (1955) e Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca (1964).
Ilustrou numerosos livros, entre os quais: Carnaval, de Manuel Bandeira, 1919; Losango Cáqui, de Mario de Andrade, 1926; A Noite na Taverna e Macário, de Alvares de Azevedo, 1941; etc.
Executou murais em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo e editou álbuns de gravuras, tais como Lapa, xilogravuras, 1956; Cinco Serigrafias, 1969 e Sete Flores, com texto de Carlos Drummond de Andrade, 1969.
Ismael Nery
Ismael Nery nasceu em Belém do Pará em 1900 e faleceu em 1934 na cidade do Rio de Janeiro. Esse artista não defendia a ideia de nacionalidade como os artistas de sua época; ao contrário, estendia sua expressão artística em seu sentido mais amplo, entrelaçando todas as correntes de pensamento. Sua carreira como pintor não lhe rendeu o merecido reconhecimento por parte do público, uma vez que não chegou a vender mais que uma centena de quadros, expostos somente em dois eventos. Ao contrário de sua produção enquanto desenhista, que, segundo a opinião de especialistas, era melhor que sua pintura.  
Costuma-se dividir a obra desse nobre artista em três vertentes: a expressionista, indo de 1922 a 1923; a cubista, de 1924 a 1927, sob forte influência de Pablo Picasso; e a Surrealista, demarcada de 1927 a 1934, sua fase mais importante e promissora.
Lasar Segal
Lasar Segal nasceu em 21 de julho de 1891, na cidade de Vilna, capital da Lituânia. Faleceu em 2 de agosto de 1957 na cidade de São Paulo, deixando um vasto acervo que enfatiza não somente a beleza, mas sobretudo a miséria que presenciara durante toda sua jornada. Para Segal a pintura estática não lhe satisfazia, haja vista que nela era preciso fazer algumas distorções de modo a retratar a realidade – propósito esse que o levou a aproximar-se do Expressionismo. Depois de rápida estada na Holanda, partiu para o Brasil, onde organizou duas exposições: uma em São Paulo e outra em Campinas.
Mais que um pintor, considerado também como um verdadeiro sociólogo, Lasar Segal tinha obsessão pelo ser humano e, por meio dos pincéis, retratou os problemas brasileiros, revelados por cenas familiares, dando ênfase ao interior pobre das casas, bem como aos rostos sofridos de seus habitantes. Cenas essas que retratavam o conformismo de uma sociedade considerada imutável.
Assim sendo, utilizava em suas obras não somente óleo sobre tela, mas também processos de gravura que aprendera na Rússia, tais como a litogravura e a zincografia, os quais conferiam à sua arte um caráter puramente versátil.
Atingido por um ataque fulminante, veio a falecer. Contudo, sua vasta obra permaneceu viva, por meio de um acervo com 2500 obras, local onde funciona uma Biblioteca organizada por sua mulher – escritora e tradutora.
Milton Dacosta
Milton Dacosta nasceu em 1915, em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, e faleceu em 1988, na cidade do Rio de Janeiro. Aos 14 anos conheceu Augusto Hantz, um professor alemão com quem teve as primeiras aulas de desenho, matriculando-se no ano seguinte na Escola de Belas Artes, frequentando o curso livre ministrado por Augusto José Marques Júnior.  
Em 1936, após realizar uma mostra individual, Dacosta se sentiu motivado a se inscrever no Salão Nacional de Belas Artes. Ao expor seus trabalhos, recebeu menção honrosa, ganhando medalha de bronze e prata. Em 1944 recebeu o cobiçado prêmio de uma viagem ao exterior, viajando em 1945 para os Estados Unidos ao lado da pintora Djanira, e de lá seguiu para Paris, onde permaneceu por dois anos.     
A pintura desse artista, evoluída aos poucos, atingiu grandes patamares. Primeiramente se identificou com o Impressionismo, indo sequencialmente para o Expressionismo, Cubismo, Concretismo, e voltando para o Cubismo novamente, por opção definitiva. Casou-se em 1949 com a também pintora Maria Leontina, cuja união perdurou por 37 anos. Juntos participaram de Bienais, viajaram para o exterior para cursos de aperfeiçoamento, e juntos cresceram na missão de tornar o mundo ainda mais belo por meio de seus trabalhos.
Tarsila do Amaral
Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, no estado de São Paulo, em 1886 e faleceu em 1973, na cidade de São Paulo. Em 1916 começou sua vida artística por acaso, quando aprendeu modelagem com Zadig e Mantovani. No ano seguinte, motivada por grande interesse pela pintura, Tarsila começou a ter aulas com Pedro Alexandrino e, em 1920, viajou para Paris, onde se matriculou na Academia Julian. Retornou a São Paulo em 1922, sob um clima de mudança artística e cultural. Mediante seu reencontro com Anita, resolveram se juntar a Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia e fundar o chamado grupo dos cinco, procurando manter viva a intenção proposta pela Semana de 22.  
No final da década de 1920, Tarsila criou os movimentos Pau-brasil e Antropofágico, ambos defendendo a ideia de que o artista deveria sim conhecer bem a arte europeia, contudo deveria criar uma estética genuinamente brasileira. 
Ainda em 1923 retornou à Europa, onde manteve contato com diferentes artistas ligados ao movimento modernista europeu. No ano de 1926, casou-se com Oswald de Andrade, vindo a se separar em 1930. Entre 1920 e 1930 pintou suas obras de maior valor cultural, as quais lhe conceberam grande reconhecimento no mundo das artes: Abaporu (1928) e Operários (1933). Entre os elementos que refletiram em sua temática artística podemos citar o uso de cores vivas, a abordagem de temas sociais e cotidianos e paisagens brasileiras, o uso de formas geométricas (influência cubista) e uso de uma estética considerada fora do padrão (influência surrealista na fase antropofágica).
Veio a falecer em 1973, em São Paulo, deixando uma vastíssima obra que lhe concedeu o título de uma das maiores figuras artísticas brasileiras de todos os tempos.
Anita Malfatti
Anita Catarina Malfatti nasceu em 2 de dezembro de 1889, em São Paulo. Filha de Samuel Malfatti e de Elisabete, era pintora, desenhista e falava vários idiomas, o que lhe rendia uma habilidade cultural vasta. 
Chegando a Berlim, em setembro de 1910, começou a tomar aulas particulares no ateliê de Fritz Burger, matriculando-se um ano depois na Academia Real de Belas-Artes. Em 1916 retornou ao Brasil, já com 27 anos, disposta a expressar toda sua arte, especialmente voltada para o Expressionismo. 
Assim, por meio de influências de seus amigos modernistas, em especial por Di Cavalcanti, Anita decidiu locar uma das dependências do Mappin Stores e realizar uma única apresentação de seus trabalhos, em 12 de dezembro de 1917. 
O que não sabia era que o destino, de forma irônica, lhe reservara um grande infortúnio. Monteiro Lobato, por meio de seu artigo Paranoia ou mistificação, criticou a duras penas o trabalho da artista. Tal intento não era destinado a ela em especial, mas aos modernistas propriamente ditos. O fato lhe abalou profundamente e a fez carregar pelo resto de sua vida um sentimento de total descontentamento frente às coisas que a rodeavam. Seu primeiro instinto foi o de abandonar de vez a arte, contudo passou a tomar aulas com o mestre Pedro Alexandrino, fato que lhes concedeu uma proveitosa e duradoura amizade.
Motivada por amigos, resolveu participar da Semana de Arte Moderna de 1922 e, no ano seguinte, viajou para Paris, munida de uma bolsa de estudos, onde encontrou Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Vitor Brecheret e Di Cavalcanti. Retornou depois de algum tempo ao solo brasileiro, já com a confiança recuperada, no entanto não estava mais disposta em se aventurar em novas “investidas culturais”.  
Anita veio a falecer em 6 de novembro de 1964 em Diadema, estado de São Paulo, local em que morava com sua irmã Georgina, em uma chácara. 




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LEILA KIYOMURA (JORNAL DA USP)

 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Tarsila do Amaral
O Abaporu, 1928

Tarsila do Amaral (1886-1973) foi uma das mais importantes artistas do Brasil. Após passar dois anos em Paris, retorna a São Paulo em 1922 para integrar o “Grupo dos Cinco ”, que defende as ideias da Semana de Arte Moderna e toma a frente do Movimento Modernista do país. 

Abaporu é um óleo sobre tela, de 1928, pintado por Tarsila do Amaral.