segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Texto: Vestido Azul

As mazelas da cidade e "O Vestido Azul"
Leitora inconformada com o estado de abandono de algumas vias públicas da cidade resolveu protestar diferente...

Cansada de reclamar junto aos órgãos públicos de Campos do Jordão pelo mal estado das ruas próximas de sua casa e só ouvir promessas, a leitora encaminhou à redação um texto que se intitula "Vestido Azul" e explicou: "dado ao desinteresse ante aos tantos argumentos da sociedade que convivo como professora e lendo algumas anotações, lembrei-me do texto que transcrevo a seguir e pergunto: - será que publicá-lo não poderia sensibilizar nossas autoridades? Enfim, aí vai ele, singelo, simples, mas que traz consigo uma mensagem que merece, no mínino, uma boa reflexão."
Nota: Dada sua criatividade e ineditismo, nossa editoria achou interessante publicá-lo na íntegra. Se deu certo no conto, quem sabe as autoridades não se sensibilizam e agem? Afinal, nossa cidade precisa de mais amor e carinho.

"O vestido azul" (texto e imagens de autoria desconhecida)


Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita. Ela frequentava a escola local. Sua mãe não tinha muito cuidado e a criança quase sempre se apresentava suja. Suas roupas eram muito velhas e maltratadas.
O professor ficou penalizado com a situação da menina...
- "Como é que uma menina tão bonita pode vir tão mal arrumada para a escola?", refletia. Então, separou algum dinheiro do seu salário e, embora a dificuldade, resolveu lhe comprar um vestido novo. E ela ficou linda naquele novo, mas simples vestido azul.
Quando a mãe viu a filha naquele lindo vestido, sentiu que era lamentável que ela, em traje novo, fosse tão suja para a escola. Por isso, passou a lhe dar banho todos os dias, pentear seus cabelos, cortar suas unhas...
Quando acabou a semana o pai voltando para a casa disse espantado:
- "Mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more em um lugar como este, caindo aos pedaços? Vamos ajeitar a casa? Nas horas vagas vou pintar as paredes, consertar a cerca, plantar um jardim."
Dessa forma, logo a casa se destacava na vila pela beleza das flores no jardim e os cuidados aplicados a todos seus detalhes. Assim, os vizinhos ficaram envergonhados e também trataram de arrumar suas casas. Em pouco tempo o bairro estava lindo, todo transformado...
Um homem, que acom panhava os esforços e as lutas daquela gente, pensou que eles bem mereciam um auxílio das autoridades. Foi ao Prefeito expor suas idéias e saiu de lá com autorização para formar uma comissão para estudar melhoramentos necessários ao vilarejo. A rua, de barro e lama foi substituída por asfalto, os buracos no velho asfalto foram tampados, os jardins floresceram e as calçadas revestidas de pedras. Os esgotos a céu aberto foram canalizados, água tratada fluiu das torneiras e o bairro ganhou finalmente ares de cidadania.


E tudo começou com um vestido azul...
Não era intenção daquele professor consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse o bairro. Ele fez o que podia, apenas deu sua parte. Fez o primeiro movimento que acabou fazendo que outras pessoas se movimentassem a lutar por melhorias. Fez acordar as autoridades para a beleza que estava se perdendo.
Será que cada um de nós está fazendo sua parte? Ou será que somos daqueles que somente apontam os buracos da rua, as crianças à solta sem escola e a violência no trânsito?
Lembremos que é difícil mudar o estado total das coisas. Que é difícil limpar toda a rua, mas é fácil varrer a nossa calçada.
É difícil reconstruir um Planeta, mudar cabeças e posturas, mas é possível dar um vestido azul.


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