A Mulher
que chora - Picasso
As
gravuras de Picasso são todas elas expressão legítima do extraordinário
desenhista e gravador que foi Picasso: nelas se manifesta, além da
inventividade temática e formal, a competência do gravador, do artesão, que,
também nesse plano, violenta as normas e as técnicas. A maior parte das
gravuras expostas tem por tema o rosto de Dora
Maar, companheira do artista nesses anos de guerra. Tanto na gravura
quanto na pintura o rosto de Dora aparece como uma obsessão.A levar-se em conta
as palavras do próprio Picasso, segundo as quais ela era essencialmente "a mulher que chora", pode-se admitir
que, ao retratá-la, estava expressando o estado de espírito que a guerra lhe
provocava. Essa explicação temática
não exclui, porém, antes inclui, a exploração formal do tema: na série em que a
figura de Dora se repete com mínimas mudanças, evidencia-se um dos
procedimentos básicos do artista no tratamento de seus temas: a necessidade de explorar-lhe as possibilidades formais
e cromáticas até exauri-los. A gravura, por suas características
técnicas, oferecia-lhe campo propício a esse procedimento.
"Na tela , também de 1937, Picasso retoma parte dos esboços feitos para Guernica, ampliando os traços (feitos à margem inferior esquerda) de uma mãe que carrega seu filho morto nos braços. Envolta em luto e dor, a mulher agora está sozinha.
O rosto fragmentado, distorcido e atormentado é realçado pelas cores berrantes. “As cores estão para um pintor assim como os conceitos estão para os filósofos“, diria Guilles Deleuze.
Curioso (se olharmos mais atentamente) é que os dedos da mulher tornam-se o próprio lenço, sendo mordido desesperadamente pela mãe, numa simbiose que representa (segundo uma das interpretações possíveis) a tristeza, a dor da perda de um ente querido em um mundo atroz e cruel.
No dizer de Alberto Beuttenmüller:
"Na tela , também de 1937, Picasso retoma parte dos esboços feitos para Guernica, ampliando os traços (feitos à margem inferior esquerda) de uma mãe que carrega seu filho morto nos braços. Envolta em luto e dor, a mulher agora está sozinha.
O rosto fragmentado, distorcido e atormentado é realçado pelas cores berrantes. “As cores estão para um pintor assim como os conceitos estão para os filósofos“, diria Guilles Deleuze.
Curioso (se olharmos mais atentamente) é que os dedos da mulher tornam-se o próprio lenço, sendo mordido desesperadamente pela mãe, numa simbiose que representa (segundo uma das interpretações possíveis) a tristeza, a dor da perda de um ente querido em um mundo atroz e cruel.
No dizer de Alberto Beuttenmüller:
“Picasso
é o artista do devir e o que está passando, a um só tempo, do hoje e do
arcaico, o artista que mudou tudo para que tudo restasse no mesmo lugar. O artista
veloz que se permite ser do século XX e de todos os séculos, sem deixar de ser
do agora. Picasso foi um movimento que se fez pintura, mais que todas as
escolas do século XX; foi e é o pintor-tempo.”(Fonte: Blog Acerto de Contas)
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