sexta-feira, 26 de abril de 2013

Leitura da Obra de Arte A Dança - Henri Matisse




A Dança (1909) - Henri Matisse



Para Matisse,as figuras interessam como formas que constituem uma composição.Observe nesse quadro como as figuras humanas,o céu ao fundo e a terra formam um todo.Veja o emprego simples,mas intenso,das cores: o azul forte do céu,o verde da terra e o vermelho dos corpos.Note ainda a impressão de movimento que temos ao olhar as figuras que dançam entre o céu e a terra.Repare nos pés e nos braços das figuras:cada uma delas parece continuar o movimento iniciado pela outra,como numa roda que gira sem interrupção.

"Em Henri Matisse a profusão de cores se faz presente. Utilizava a cor como meio mais de expressão do que de discrição e desdenhava as regras convencionais. A cor teve papel fundamental na sua obra. Nessa obra “A dança” permite o azul emergir como azul absoluto, e o mesmo vale para o verde da terra, para o vermelho vibrante dos corpos (Argan, 1992:154). "

Dentro do esquema cromático, no processo da escolha das cores  buscam expressividade em cada cor e seu valor absoluto: o azul absoluto; o vermelho, um vermelho absoluto; o amarelo, um amarelo absoluto; o verde, um verde absoluto, tudo isso respeitando a natureza peculiar da tinta ali se sobrepondo, camadas sobre camadas.



".O azul – “a cor do céu, sem nuvens, dá sensação do movimento para o infinito”, de acordo com Farina (2000). Presente aqui abre  a permissão para que cada espectador o sinta como um sentimento profundo, uma intelectualidade, uma verdade. Amarelo – simboliza a cor da luz irradiante em todas as direções. Preso... não. É lhe permitindo a busca, a expansão, e a luta por não se isolar. Permite-se a expectativa. Está presente a iluminação: o farol que me guiará para o ponto desejado – ela me ilumina... quero chegar até lá ... Vermelho “simboliza a cor de aproximação de encontro”, segundo Farina (2000). O vermelho que me circunda no amarelo é o calor é coragem, a alegria é a excitação, e a paixão que me impulsiona para que o eu não se  sinta um ser estático. Estou em movimento, aceito a mudança, sou cercada por impulso dinâmico ao que me impelem para uma busca de realizações maiores."


Dos pintores Fauvistas,Henri Matisse (1869-1954) foi sem dúvida,o mais expressivo.Destacou-se pela despreocupação com o realismo tanto nas formas quanto nas cores.Em sua obra,os objetos representados são menos importantes que a maneira de representá-los.

 No livro "Arte Moderna" de Argan  "O quadro tem um significado mítico-cósmico: o solo é o horizonte terrestre, a curva do mundo; o céu tem a profundidade do azul-turquesa dos espaços interestelares; as figuras dançam como gigantes entre a terra e o firmamento. Ao Cubismo que analisa racionalmente o objeto, Matisse contrapõe a intuição sintética do todo. É este precisamente o quadro da síntese, da máxima complexidade expressa com a máxima simplicidade. É a síntese das artes. A música e a poesia confluem na pintura, e a pintura é concebida como uma arquitetura de elementos em tensão no espaço aberto; é síntese entre a representação e a decoração, símbolo e realidade corpórea, entre o volume, a linha e cor. Todavia, a síntese ainda pode ser um cálculo racional; é preciso ir além, identificá-la como uma beleza nunca vista e quase monstruosa, sobrenatural, para além dos diferentes naturalismos do belo clássico e do belo romântico. E deve ser um belo que também abarque e resolva em si o seu contrário, o feio, pois um belo que tivesse um contrário não seria universal: o mesmo módulo de beleza deve valer para as figuras, a terra e céu. Portanto, o belo não pode ser uma forma finita, e sim contínua e rítmica: as figuras se alongam e se dobram no ritmo que as transformam, e a sua beleza, cósmica e não física, não se dissocia da beleza do espaço em que se movem. Assim como não pode haver um equilíbrio estático, não pode haver um ritmo regular e uniforme; o ritmo deve se gerar no quadro (veja-se o pé de uma das figuras que calca a terra, como se esta fosse elástica, e o círculo sempre interrompido e o retomado dos braços) e ascender progressivamente a um clímax de máxima intensidade, levando todos os valores (cores e linhas) a um vértice onde pode ser captado apenas por uma sensibilidade estimulada além de seus próprios limites. Matisse, agora, opera para além de todos os registros, de todas as gamas, de todas as combinações a que o olhar humano está acostumado pela experiência da natureza: na dimensão ultra-sensível, mas não transcendente, das ultracores. Tal era sua intenção ; prova-o uma carta, em que afirma ter procurado "para o céu um belo azul, o mais azul dos azuis (a superfície é pintada até a saturação, vale dizer, até um pouco em que finalmente emerge o azul, a idéia do azul absoluto), e o mesmo vale para o verde da terra, para o vermelhão vibrante dos corpos.[...] " (Argan, pg.259)

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